"O LIVRO DE MÓRMON"

1) Desafio do Livro de Mórmon

2) Visão dos Hebreus de Ethan Smith

3) O Manuscrito de Solomon Spaulding

4) Segundo a Navalha de Occan, não deveríamos procurar uma explicação mais Natural para o Livro de Mórmon?

4) Existem discrepância entre as atuais doutrinas da Igreja e aquelas ensinadas no Livro de Mórmon?

5) Belém ou Jerusalém? Como explicar Alma 7:10?

6) Mosías 15 não parece dizer que o Pai e o Filho são uma única pessoa?

7) DNA e o Livro de Mórmon

8) Como pode Alma e Mosías usarem a expressão "aguilhão da Morte" no Livro de Mórmon?

9) "Adieu" no Livro de Mórmon em Inglês

10) Cavalos no Livro de Mórmon

11) Leí, um não israelita poderia oferecer sacrifícios aos Senhor?

12) Leí não sabia sua genealogia?

13) Por que alterar "branco" para "puro" em II Néfi 30:6?

14) Acaso Éter 2:23 menciona janelas de vidro?

              Não deixem de ler a tese de Mestrado do irmão Edson José Martins Lopes, Pós graduado pela Universidade de São Carlos em estudos da Tradução, sobre a linguagem do Livro de Mórmon:

              PALIMPSESTOS METAFÓRICOS COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE TRADUÇÃO

             O Desafio

Digamos que você queira produzir uma obra semelhante ao Livro de Mórmon e se colocar em igualdade de condições à Joseph Smith, terá então de cumprir alguns requisitos:

 

(1o)      Deverá ter 21 anos, recém casado com uma família para sustentar. Você é fazendeiro, tem apenas três anos de instrução e sabe apenas o básico de operações elementares de Matemática e da sua própria língua nativa;

 

(2o)      Você terá um período de dois meses para escrever um livro de mais de 600 páginas sobre os antigos habitantes do Tibet que lá viveram entre os anos 200 A.C. até 800 D.C., porque o que se sabe hoje sobre estes povos é o equivalente ao que se sabia na época de Smith sobre os antigos habitantes da América;

 

(3o)      Você não disporá de bibliotecas ou livros sobre o assunto, a única coisa que terá à mão é uma Bíblia;

 

(4o)      Terminado o prazo de dois meses, você não poderá mais fazer correções ou alterações no texto original. As edições posteriores de seu livro só poderão vir com pontuação e algumas correções gramaticais ou tipográficas (Nota: O original do Livro de Mórmon é escrito como um todo, sem pontuação ou vírgula, como se Oliver Cowdery fosse escrevendo rapidamente o que Smith traduzia das placas. O interessante é que nem no Hebreu nem no Egípcio existe o que se chama de pontuação, daí a existência nestas línguas e no Livro de Mórmon de tantos versículos iniciando com "E aconteceu que ...", "E sucedeu que ..."; as quais são frases comumente utilizadas nestas línguas para suprir a falta de pontuação. Você sabia disto? Agora imagine se Joseph o sabia!?);

 

(5o)      Seu livro conterá mais de 300 nomes próprios de diferentes raízes, como egípcia, mesopotâmica e semítica;

 

(6o)      Você terá de convencer 11 (onze) homens de boa reputação na sua sociedade para escrever seus testemunhos sobre as placas de ouro das quais você disse ter traduzido o Livro, esses homens jamais deverão mudar esses testemunhos ao longo de suas vidas,  mesmo que sofram ameaças de morte ou sejam ridicularizados por isto. Alguns deles talvez se afastem da Igreja que você irá criar mas, mesmo se forem seus oponentes num futuro próximo, deverão morrer fiéis a este testemunho;

 

(7o)      As descobertas arqueológicas das próximas décadas deverão corroborar aquilo que você escreveu no seu Livro. Por exemplo, Joseph foi o primeiro a dizer que:

Os antigos escreviam sobre placas de metal e as guardavam em caixas de pedra,

Existiram elefantes na América Antiga  e os antigos o utilizavam em seus afazeres do dia a dia (Éter 9:19),

             Sobre elefantes, há outro artigo em espanhol interessante por dois arqueólogos da Academia Colombiana de Ciências Naturais discorrendo sobre a supervivência da megafauna na América Pré-Colombiana, em especial há restos de mastodontes (da Família Elefantídia) datados bem próximos da época dos jareditas, além da representação iconográfica de elefantes em estátuas do Alto de Lavapatas na Colômbia datando do século IX AC.

SUPERVIVENCIA DE MASTODONTES, MEGATERIOS Y PRESENCIA DEL HOMBRE EN EL VALLE DEL MAGDALENA (COLOMBIA) ENTRE 6000 Y 5000 AP (AP= "Actual Present", Entre 4000 e 3000 AC)

Existiram casas de cimento, estradas e fortificações de cidades nas Américas,

Existiram duas raças, uma de pele escura e outra de pele clara que constantemente guerreavam nas Américas,

Que existem cidades submersas nas costas do Pacífico,

Que existia um lugar chamado Nahon na Península Arábica, a noroeste de um lugar com madeira suficiente para construir um navio (Abundância) e que havia um rio perene que desaguava no Mar Vermelho (Golfo de Acaba) a apenas três dias de Jerusalém.

E muito mais que já foi confirmado por arqueologistas. Existem ainda diversos paralelos encontrados entre as culturas do Novo Mundo e do Velho Mundo como era suposto que existisse, de acordo com o Livro de Mórmon.

 

(8o)      Livros descobertos mais tarde devem confirmar a história deste jovem fazendeiro, como exemplo:

8.a)      "Joseph Smith, um pobre imigrante da Escócia, não havia aprendido nem o aramaico nem tão pouco o hebraico antigo ( Joseph aprendera o hebraico somente depois, quando o livro já havia sido publicado ), nunca havia visto os caracteres cuneiformes sumérios. Sim, na época do profeta dos mórmons não havia no mundo inteiro nenhum cientista que pudesse traduzir as tábuas escritas da Babilônia, isto porque sua descoberta, assim como também da Epopéia de Gilgamés, ocorreu somente depois da morte de Joseph Smith. Portanto como se explica a concordância entre o Livro de Éter e os outros textos descobertos mais tarde"( Erick Von Daniken, em "O Grande Enigma", pg. 26, 27). Detalhe, Daniken é um não mórmon e ateu.

8.b)      "Existe uma duplicata de causar admiração. O que Joseph Smith traduziu no ano de 1827 nas placas de metal está escrito do mesmo modo no Popol Vuh. Contudo, Smith não podia mesmo conhecer o conteúdo da Bíblia dos maias-quichés, posto que esta só foi traduzida por Wolfgang Cordan apenas nos anos 50 de nosso século! (Idem, pág. 41).

8.c)      A pouco conhecida "Narrativa de Zózimo" conta sobre uma família digna que Deus tirou de Jerusalém antes de sua destruição pelos babilônios em 600 A.C. aproximadamente, e sobre como este grupo fugiu para uma terra de bem-aventuranças, onde eles mantinham registros em placas de metal tão macias que podiam ser escritas com as unhas. Na história, Zózimo teve a permissão de visitar estas pessoas em visão. A fim  de chegar a esta terra, Zózimo teve que viajar pelo deserto, passar por densas névoas de escuridão, atravessar o oceano, e surgiu de uma árvore que produzia fruto puro e dava água doce como o mel. (ver os mesmos elementos em I Néfi 8:10-12 e 11:25);

 

(9o)      Você deve variar o seu estilo literário durante o transcorrer do Livro, passando de Narração para Cânticos, Discursos, Profecias e Diálogos, tendo seus diversos autores um estilo próprio. Além do mais deve conter alguns estilos literários (como quiasmos e paralelismos) desconhecidos até então. Os quiasmos foram descobertos na Bíblia no final do século XIX, enquanto que só foram descobertos no Livro de Mórmon no início da década de 70. (veja Mosíah 5:10-12);

 

(10o)    Seu Livro irá trazer vários inimigos que o perseguirão até a sua morte, não dando descanso para você nem para seus fiéis seguidores;

 

(11o)    Seu Livro deve ser consistente e verossímil, descrevendo rituais, guerras e costumes de civilizações antigas com acuidade;

 

(12o)    Você deve convencer um amigo seu a hipotecar a fazenda dele para que possa financiar os custos da publicação do Livro;

 

(13o)    Seu Livro deve ter uma promessa desafiando a todos que o lerem a perguntar a Deus sobre a sua veracidade. Milhões de pessoas , ao redor do mundo que assim o fizerem, "com coração sincero e com real intenção" terão sua oração respondida;

 

            Você quer tentar escrever um Livro assim?

Extraído originalmente de "LEHI IN THE DESERT, THE LAND OF THE JAREDITES", Hugh Nibley, Deseret Books Co.

   

Pois é, o grande desafio dos críticos do Livro de Mórmon é tentar imaginar como o pobre fazendeiro sem estudo e recursos poderia compilar uma obra daquele porte sem ter que recorrer a ajuda divina, anjos ou revelações. Duas teorias antagônicas surgiram:

 a)    A teoria de que Joseph teria escrito o Livro sozinho, baseado provavelmente em “View of Hebrews”de Ethan Smith e da Bíblia, versão do rei Tiago que estivesse disponível em seu tempo. Esta teoria falha em tentar explicar “quando”, ou de onde Joseph teria conseguido tempo, recursos e conhecimento para escrever um livro tão complexo como o Livro de Mórmon

 b)    A outra teoria, oposta a esta, é de que uma outra pessoa mais instruída e com mais bastante tempo teria escrito o Livro e não publicado, e que Joseph simplesmente lhe roubara a idéia. Como ninguém jamais reclamou os direitos autorais do Livro de Mórmon além do próprio Smith, precisavam encontrar alguém já falecido ou bem íntimo de Joseph de forma a jamais traí-lo e sustentar a história até o fim. Os dois mais votados para essa teoria foram Solomon Spaulding e Sidney Rigdon.

 

a)    Joseph Smith plagiou "View of The Hebrews, de Ethan Smith?"

b)    O que é o manuscrito Spaulding? Qual é a real fonte do Livro de Mórmon?

c)    Segundo a ‘Occan Razor’ (Navalha de Occan), não deveríamos procurar uma explicação racional e natural para os eventos conectados ao Livro de Mórmon? Por exemplo, não poderiam ter sido hipnotizadas as três testemunhas de tal forma por Joseph Smith a ponto de realmente acreditarem que viram as placas e o anjo e manter este testemunho até o fim das suas vidas, mesmo depois de terem se afastado ou abandonado Joseph? (Hipótese de Fawn Brodie)

            Resposta (Occan’s Razor):

            Occan, ou Willian de Ockhan (ca. 1285-1349) foi um frade franciscano Inglês, um filósofo da Idade Média que propôs uma regra lógica para avaliar várias hipóteses. Segundo seu princípio: “Pluralites non est ponenda sine nececesitate” (‘Pluralidades não devem ser impostas sem necessidades’). Também é conhecida como a Navalha de Occan (Occan’s Razor) ou Lei da Parcimônia. Detalhando um pouco melhor, esta regra básica diz que geralmente a Hipótese da qual se espera o menor número de premissas possíveis é provavelmente a mais correta. Devemos lembrar que isto é apenas um argumento heurístico para análise de hipóteses, não necessariamente a hipótese mais simples deve ser sempre a verdadeira. Alguns agnósticos e ateus erroneamente a extrapolam como ‘se deve sempre procurar uma explicação racional e natural ao invés de eventos supra-naturais’. Mas isto já é do próprio Weltanschauung do proponente ou do analista. Weltanschauung refere-se a concepção ou filosofia de mundo que um indivíduo concebe, assim se em meu mundo não há espaço para Deus, anjos, revelações ou outros fenômenos supra-naturais, deverei sempre buscar um fenômeno natural já conhecido para explicar um evento, contudo se um indivíduo em sua concepção de mundo, abre espaço para um Deus ou Ser soberano que possa intervir nos relacionamentos humanos, esta hipótese também pode ser considerada. Assim para o surgimento do Livro de Mórmon podemos ter as possibilidades:

 

I)    Joseph recebeu revelações de Deus, foi visitado por anjos que lhe deram placas de ouro, as quais foram mostradas a onze testemunhas (3 viram o anjo e as placas, 8 somente viram somente as placas, em duas situações distintas), ele as traduziu e compilou o Livro, devolvendo às placas ao anjo após tê-las mostrado às testemunhas, e fazê-las assinar uma declaração com suas assinaturas de próprio punho a qual sai em cada cópia do Livro.

Não discorrei esta hipótese aqui por ser já a versão oficial da Igreja

 

II)    Joseph foi um agente do demônio e recebeu seu Livro por influência maligna. (Hipótese de alguns anti-mórmons evangélicos) 

 Não discorrei esta hipótese aqui por considerar tão ou mais supranatural que a hipótese I)

 

III)     Joseph fabricou um livro e estabeleceu um complô com estes 11 homens para que estes nunca negassem seus testemunhos, em troca ganhariam fama, honra e posição na Igreja que fundaria.

        Esta hipótese tem uma deficiência grave, a de explicar por que quando alguns deste 11 homens quando se separam de Joseph e de sua religião (6 deles o fizeram, alguns deles voltariam ao corpo principal da Igreja depois que Joseph foi assassinado) não procuraram expor a fraude, mas continuaram a sustentá-la. Alguns deles foram humilhados, perseguidos e quando histórias eram inventadas de que eles haviam negado seus testemunhos, eles prontamente saíam a público, publicavam em jornais os desmentidos dessas histórias e repetiam seus testemunhos até o fim, afirmando que não poderiam negar o que tinham visto ou ouvido e temiam por suas almas se o fizessem, como foi o caso de David Whitmer, em sua declaração em Richmond, Missouri (cidade da qual já havia sido prefeito), 55 anos depois de ter seu testemunho publicado e quase 50 anos após ter abandonado Joseph e 40 anos após a morte deste. Alguns deles chamaram vários parentes e conhecidos em seu leito de morte e ratificariam seu testemunho do Livro como as últimas palavras antes de partir deste mundo (David Whitmer, Martin Harris). Alguns preferiram ir para a prisão a ter que negar seu testemunho, como foi o caso do pai de Joseph (uma das 8 testemunhas), em que um credor de uma grande dívida em dinheiro prometeu-lhe esquecer a dívida e não enviá-lo a prisão se ele simplesmente negasse que tinha visto as placas, o pai de Joseph preferiu passar meses na prisão a ter que negar seu testemunho. É este o tipo de lealdade esperado por homens que esperavam ganhar fama, honra e posições na Igreja que Joseph fundaria?

     IV) Joseph, era um astuto hipnotizador. Fabricou um livro (ou já o recebeu de alguém) e hipnotizou tão bem alguns homens mais velhos e experientes, que estes, mesmo quando se afastaram dele continuaram a acreditar naquilo que Joseph o fizeram acreditar. Uma alucinação coletiva deu-lhes a idéia de um anjo e a hipnose deu-lhes a idéia que estivessem manuseando placas de ouro. (Hipotése de Fawn Brodie, em seu livro No Man Knows My History, um estudo histórico-psicológico sobre a vida de Joseoph Smith, em que procura sempre dar uma causa natural ou lógica sobre vários eventos contados sobre Joseph a partir da perspectiva de vários testemunhos da época de mórmons, não-mórmons e ex-mórmons).

 

         A explicação da hipnose coletiva das três testemunhas foi bem sensacional, mas pelo que conheço de hipnose depois que se sai do transe você esquece ou percebe quão tolo você foi, o que não seria o caso aqui, está certo que uma hipnose associada a uma alucinação coletiva pudesse ter dado tanto certeza aos três de modo que eles morressem realmente acreditando que tiveram visto o que declaram em seus testemunhos. Só que esse argumento torna-se fraco para o depoimento das oito testemunhas. Neste caso temos 8 homens, apalpando as placas uma a uma, passando de mão em mão, vendo os curiosos caracteres sobre as placas, checando o peso com as mãos, todos descrevendo como em aparência de ouro e um deles (John Whitmer) toma uma caneta e papel e passa a copiar os caracteres inscritos sobre as placas! Uau! Que baita hipnotizador era Joseph Smith !!

Vamos ver, talvez ele se desse ao trabalho de ter fabricado as placas, achado algum ouro numa mina perdida e depois de tê-lo derretido e moldado as placas, pegou um martelinho e coifa e ficou horas a fio de madrugada (para ninguém ver, é claro, senão descobririam sua fraude!) fabricando os "hieróglifos" sobre as placas.

         Hum! Está ficando difícil, já sei, esquecendo um pouco Occan, vamos utilizar mais uma premissa, uma coisa mais natural, um tesouro indígena! Um índio já preste a morrer confia um tesouro milenar ao jovem fazendeiro, Joseph é claro, muito esperto pensa que se divulgasse as placas ao mundo as autoridades as tomariam e as poriam num Museu. E, ao invés de derreter os 35Kg de ouro e ficar rico para toda a vida, tem uma idéia mais lucrativa, fabricar um Livro!!

         Claro que para dar sumiço nas placas depois, era só jogar no fundo das cataratas do Niágara (uns 250 km da casa de Joseph) que nenhum louco jamais as acharia. Ops! Só que Joseph esqueceu de pelo menos tirar umas lasquinhas de ouro das placas para pagar os custos de impressão da primeira edição do Livro. Mas tudo bem, você hipnotizou tão bem Martin Harris que não vai haver problema nenhum em convencê-lo a hipotecar a sua fazenda como garantia para pagar os Us$ 4mil (quantia absurda para nosso pobre fazendeiro em 1830) pela impressão!

         Hummm! Agora tem o conteúdo do Livro, que segundo um site antimórmon citado na explicação sobre a teoria Spaulding:

 

        “Nosso estudo tem revelado uma riqueza de informação sobre as fontes do Livro de Mórmon e seu autor. O autor fez uma tentativa consciente de criar uma história sagrada para os Índios, em imitação à Bíblia. Ele não apenas tinha um conhecimento muito preciso da Bíblia, mas também teve de ser fiar nas histórias de Josephus (Historiador Judeu do primeiro século AD), Beda, Geoffrey de Monmouth e nos escritos de Agostinho (estes três são teólogos cristãos da Idade Média, escreveram em latim...). O autor era certamente um entusiástico estudante da história Romana e era familiar com os escritos de Lívio, César e Plutarco. Em adição, ele usou as obras de escritores tais como Tácitus, Procópio e Sallust, assim também como Heródoto e Virgílio. Ele também parece conhecer os mitos Irlandeses e Judaicos e consultou livros miscelâneos, tais quais as "Viagens de Gulliver" e as "Rainhas de Faerie". Os comandantes militares do Livro de Mórmon são modelados segundo heróis tais como Alexandre o Grande e Júlio César, e empregam táticas e constroem fortificações muito semelhantes àquelas dos Romanos. O Livro de Mórmon é um trabalho extremamente complexo, e deve ter requerido alguns anos para que o autor pudesse tecer todo o material dele em uma história coerente.”

 

         Como o nosso pobre fazendeiro não tinha muito tempo ou estudo (só três anos de escolaridade) para ficar consultando a biblioteca mais próxima e nem dinheiro (o uso de Bibliotecas era pago naquela época) vamos pela regra de Occan assumir a hipótese mais simples (considerando é lógico, que não possa haver anjos nem Deus envolvidos...).

         O nosso amigo Spaulding (um ex-ministro religioso), ao visitar seu tio em Sharon, Vermont, um ano antes de morrer, dá um manuscrito do seu Livro a um jovem garoto de dez anos que ele encontrou na rua, afinal aquele livro é muito religioso e Spaulding não acreditava mais naquelas coisas, havia abandonado o Ministério e tornara-se um profundo agnóstico...

O jovem garoto decide guardar aquele livro em segredo de sua família, esconde bem os papéis por quase 12 anos de seus pais e nove irmãos, todos vivendo na mesma cabana de toras de apenas 4 cômodos! (uma sala-cozinha, um quarto para os pais, um sótão divido com um quarto para suas 3 irmãs e o outro para ele e seus 6  irmãos. Isto apenas para mostrar que Joseph não tinha nem espaço ou concentração para escrever este livro em sua juventude, antes de se casar com Emma Hale aos 21 anos!)

 

         Assim, com a coincidência das placas do Índio e para simular uma tradução, pega aos poucos páginas escondidas do manuscrito (com o cuidado de ninguém perceber que você está ditando destas páginas, e não das placas), e passa a ditá-las, horas seguidas a fio, sentado em cadeira de palha e o escrivão usando caneta tinteiro, sem corretores de texto, editores ou qualquer outro livro além de uma Bíblia Versão do Rei Tiago que pudesse ter à mão, isso de manhã até ao anoitecer, durante 62 dias, até as 600 páginas ficarem duplicadas! Ufa!

         Você terá ainda muita sorte, pois Spaulding escreveu um "outro manuscrito", sem linguagem religiosa alguma falando de uns romanos vindo para a América que seria descoberto 55 anos depois, assim quando alguém lhe disser que já ouviu a história antes, você dirá, "ah! Não, você está confundindo as histórias, Spaulding escreveu isso aqui (e mostra o outro manuscrito) e não o Livro de Mórmon.

         Com mais sorte ainda, algumas pseudo-epígrafes e apócrifos seriam descobertos mais tarde, a ponto de mesmo ilustres não-mórmons afirmarem:

 

        James H. Charlesworth (a maior autoridade mundial em estudos de pseudoepígrafes), em uma palestra proferida na Universidade Brigham Young intitulada, "Messianismo nas Pseudoepígrafes e no Livro de Mórmon", aponta para o que ele descreve como "paralelos importantes...que merecem um exame cuidadoso." Ele cita exemplos de 2 Baruque, 4 Esdras, Salmos de Salomão e o Testamento de Adão. (James H. Charlesworth, “Messianismo nas Pseudoepígrafes e o Livro de Mórmon”, em Reflexões sobre o Mormonismo: Paralelos Judeu-Cristãos ed. Truman G. Madsen (Provo: BYU Centro de Estudos Religiosos, 1978), 99-137).

Harold Bloom da Universidade Yale ficou perplexo em como explicar os muitos paralelos entre os escritos de Joseph Smith e antiga literatura apocalíptica, pseudoepígrafa e cabalística. Ele escreve, "O gênio religioso de Smith sempre se manifestava através do que pode ser nomeado como acuidade carismática, seu senso real de relevância que governava paralelos bíblicos e Mórmons. Eu posso apenas atribuir ao seu gênio ou daemon sua fantástica recuperação de elementos da antiga teurgia Judaica que haviam cessado de estar disponível ao Judaísmo e Cristianismo normativo, e que apenas havia sobrevivido em tradições esotéricas improváveis de terem tocado Smith diretamente" (Harold Bloom, A Religião Americana (New York: Simon & Schuster, 1992), 101) [ênfase acrescentada].

         Pronto, com uma baita sorte e muita coincidência com as pseudo-epígrafes, um pouco de hipnotismo e alucinação coletiva mais um segredo milenar indígena, está explicado o Livro de Mórmon! Mas Joseph, não seria melhor ter derretido aquelas placas do índio...!!??

         Mas então afinal, pela Navalha de Occan, não deveríamos escolher a hipótese com o menor número de premissas possíveis!!??

         Como um colega não-mórmon certa vez comentou comigo: "Não há muita escolha para explicar o surgimento do Livro de Mórmon, ou você escolhe um roteiro de filme de Spielberg ou um de Cecil B. Mille!"

 

 

1)    Existe alguma discrepância entre as atuais doutrinas da Igreja e aquelas ensinadas primariamente pelo Livro de Mórmon? Por exemplo:

·         A) Alma 11:26-31; II Néfi 31:21; Mórmon 9:7-11; 18-19 e Morôni 7:22 explanam sobre um único e imutável Deus, enquanto a atual doutrina Mórmon acredita na existência de vários Deuses e que Deus houvera outrora assumido uma característica humana como Jesus também assumiu.

·         B) Mosías 27:24-28 e Alma 5:14 falam da necessidade em se nascer de novo a fim de entrar no Reino do Céu, não obstante os Mórmons hoje dão mais importância ao Batismo, chegando mesmo a pregar a necessidade de Batismo pelos mortos àqueles que nunca tiveram um Batismo com autoridade.

·         C) Morôni 8:11-13 ; 20-22 falam que onde não há lei, não há pecado, logo gentios não batizados seriam salvos pela graça de Cristo, entretanto é ponto essencial da doutrina Mórmon que tais pessoas devam ser batizadas, nem que sejam depois de mortas para poderem entrar no Reino dos Céus.  

·         D) II Néfi 28:22-23; III Néfi 27:4-17; Mosías 3:24-27; II Néfi 28:22-29 e Alma 34:32-35 declaram que o destino eterno dos homens é o Paraíso para os justos e o Inferno aos iníquos; todavia hoje a Igreja de Jesus Cristo S.U.D. não acredita  no inferno e divide o Céu em pelo menos três graus de Glória. 

 

Resposta:

        Geralmente estas acusações aparecem em panfletos antimórmons e demonstram que o indivíduo provavelmente não leu o Livro de Mórmon, ou se leu, leu já tendenciosamente mal intencionado a arranjar discrepâncias no texto.

        Antes de qualquer coisa, devemos lembrar que o Livro de Mórmon foi publicado antes da organização da Igreja, foi utilizado como uma primeira ferramenta missionária à não membros, cuja mensagem era, existe um profeta de Deus na terra hoje, ele recebe revelações e escrituras, aqui estão algumas escrituras que recebeu...
        De nossa regras de fé, sabemos que  cremos em tudo o que Deus tem revelado ao homem e que Deus revelará ainda revelará muitas coisas, sempre preceito por preceito, linha após linha, um pouco ali e acolá (Isaías 28:10). .
        Praticamente toda a base doutrinária da Igreja foi dada através de Joseph Smith, durante o período de 1830-1844 (ano em que foi assassinado junto com seu irmão em Carthage). Ou seja, 14 anos, um período bem curto se compararmos com o tempo necessário para cobrir toda a base doutrinária do Novo Testamento (70 anos, desde a pregação de Cristo no ano 30 até os últimos livros do Novo Testamento, entre 90 e 100 AD)
        Vamos agora ao que é apontado como contradição entre o Livro de Mórmon e posteriores ensinos de Joseph Smith.

A1)  Alma 11:26-31 e II Néfi 31:21
.
       
Fala da existência de um Deus e da unidade de propósito entre o Pai, Filho e Espírito Santo, o que dentro do Mormonismo é perfeitamente claro, um único de Deus de adoração e para o qual devemos orar e nos voltar,  em unicidade de fé na Trindade e à espera que todos os homens cheguem a essa mesma unidade (João 17: 11, 19-23 ; Efésios 4: 12-13). Joseph expandiria mais tarde este conceito para que como somos progênie de Deus (Atos 17:28) e co-herdeiros de todas as suas coisas (Romanos 8:14-18, exceto de sua Glória e veneração). Temos o potencial de tornamos semelhantes a Deus, inclusive um mandamento nos foi dado para buscarmos sermos perfeitos como o Pai (Mateus 5:48 ; Levíticos 19:2 & I Pedro 1:16 “Sede santos, pois o Senhor vosso Deus é santo”), e lembrando as palavras de Cristo aos fariseus, "sois deuses" João 10:34-36. Outras escrituras em suporte desta doutrina da deificação, ou theosis você poderia ver nas escrituras:

Salmos 82:1 “Deus assiste na congregação divina, no meio dos deuses estabelece o seu julgamento”

Salmos 82:6 ; (“Sois Deuses...”)

Gênesis 3:22 (...como um de nós! Deuses!?) junto com Apocalipse 2:7 (verá que há um impedimento inicial para que o Homem não se torne completamente como um Deus, mas tal impedimento será tirado ao que "vencer");

I Coríntios 8:5-6 (vários deuses mas só um Deus de adoração e culto) ,

E ainda: João 14:12, Apocalipse 3:21 & 5:12 , I Samuel 28:13 (Versão inglesa e hebraica, "gods", deuses no plural...) , Apocalipse 20:7-8, etc.


        A doutrina da theosis, era a doutrina mais conhecida entre os Primeiros Pais Patrícios, defendida por Justino Mártir, Santo Irineu, Santo Atanásio, Clemente de Alexandria e outros. Irineu afirmaria:
 “O verbo se fez homem, para que os homens pudessem se tornar deuses"

(Irenaeus, Against Heresies, bk. 5, pref.)


       
A crença da doutrina da theosis ainda hoje é mantida nas Igrejas Católicas Orientais, veja o Resumo de uma tese de Doutorado defendida pelo padre Católico Jordan Vadja.


A2)  Mórmon 9:7-11 & 18-19 & Morôni 7:22
        Fala da invariância de Deus. Estas escrituras falam do relacionamento de Deus com os homens, na verdade falam de contínua revelação e milagres. Ou seja, Deus é imutável em seus desígnios para com os homens, em seus propósitos e até nos métodos empregados para levar a verdade aos homens (Profetas e revelação). Não estão se referindo ao aspecto físico de Deus.
        Acaso se lemos em nossas Bíblia em Hebreus 13:8 (Cristo é mesmo ontem, hoje e para sempre) e depois em Lucas 2:52 (Cristo cresceu de graça em graça, em sabedoria e estatura...), jogaríamos nossa Bíblia fora por isso!? Claro que não, uma escritura fala do relacionamento de Cristo para com os homens, outra de seu progresso terreno como infante em Nazaré, duas coisas distintas...
        Quando Cristo fala em João 5:19 e 8:28 que o Filho nada faz sem que antes tenha visto o pai fazer ou que o tenha antes ensinado (Nota: O verbo “falar” que aparece nas versões em Português, não aparece na versão Inglesa e nem no Original base grego!), acreditamos que um processo semelhante ao de Cristo aconteceu com o Pai, melhor dizendo, assim como Cristo estabeleceu o exemplo a todos os Homens para o imitassem a fim de serem perfeitos como Ele e o Pai (Mateus 5:48, III Néfi 12:48, Levítico 19:2 e I Pedro 1:15-16), o próprio Pai teria também deixado o exemplo para seu Filho Unigênito. Quando, onde e precisamente como isso aconteceu são meras conjecturas e não mais revelações nós temos a respeito.
         Morôni 8:18 pode ser explicada como as escrituras acima, mas ainda temos aqui um novo conceito, "de eternidade em eternidade". Alguns mórmons conjecturam que o tempo de Deus é diferente do tempo do homem, uma eternidade para o homem pode não ser uma eternidade para Deus, o qual vive em ciclos eternos de eternidade em eternidade, mas isso já é fronteira do mormonismo, nenhuma revelação temos a respeito e conjecturas neste campo são mera especulação.

B)     Mosías 27:24-28 e Alma 5:14.
         Necessidade de nascer de novo não anula a necessidade do batismo, aliás o livro de Mórmon realça a necessidade do batismo por água 2 Néfi 31:5 e coloca uma intrínseca relação entre o nascer de novo e o batismo Alma 18:8-10. O batismo por imersão é um convênio e símbolo do novo nascimento (a ressurreição de Cristo), somos sepultados na água em símbolo da morte de Cristo e somos levantados da água em símbolo de sua ressurreição ou novo nascimento (Romanos 3:3-6).
         Inclusive a escritura de Mosías 27 lança a base do batismo pelos mortos, mais tarde ensinada por Joseph, onde fala que não devemos nos admirar de que toda a humanidade deva ter que "nascer de novo", ou ser batizada (como preferir!)
         Quem acha que estas escrituras contradizem a atual posição da Igreja com relação ao batismo, claramente mostra que não leu o Livro de Mórmon, e se leu, não entendeu muito bem o que leu...

 

C)     Morôni 8:11-13 & 20-22

         Fala da desnecessidade de batismo para crianças, pois estas são salvas em Cristo devido a sua inocência.  Quem escreveu tal acusação provavelmente inferiu por ele mesmo de que não houvesse necessidade de batismo para os gentios também, o que seria ilógico, por que então pregar ou fazer o trabalho missionário para eles então!?

         Os que assim pensam caem no famoso paradoxo do Esquimó, que assim conta:

         Um missionário moderno, que não a acredita na Doutrina da Predestinação Calvinista (ou seja, aqueles que nunca ouvirem ou aceitarem Cristo já estavam pré-destinados à condenação eterna!), vai até o Pólo Norte e prega o Cristianismo à família de um Esquimó, exortando-o de que ele deveria aceitar Cristo ou de nenhuma maneira poderia entrar no Reino do Céu. O Esquimó pondera um pouco e pergunta:

-        O que acontece com aqueles que nunca ouviram falar de Cristo, serão acaso eles todos condenados!?

-        Claro que não! (Replica o Pastor) Para estes, a graça de Cristo já lhes é suficiente e estão salvos (e começa a falar de onde não há lei, não há justiça, etc..)

-        Mas então, (lamenta o esquimó), por que veio até aqui pregar esse seu Cristo? Eu já estava salvo, pois não o conhecia, mas agora você me deixa numa situação constrangedora, entre negar as tradições do meu povo para aceitar seu Cristo ou condenação eterna no mundo vindouro. Se você não tivesse aqui vindo, poderia continuar com minhas tradições normalmente durante toda a minha vida, e após a morte seria salvo pela graça do seu Cristo!

Esse é o paradoxo inexplicável daqueles que não compreendem a Doutrina do evangelho sendo pregado aos mortos no mundo espiritual e não entendem o propósito do Batismo Vicário!


D)      2 Néfi 28:22-23, 3 Néfi 27:11-17; Mosías 3:24-27 ; 2 Néfi 28:22-23 e Alma 34:32-35

          Fala da condenação dos iníquos. O questionador erroneamente assume que para os mórmons só existem três graus de glória no mundo vindouro, ou seja não há inferno. Só que isto está errado!!
         Para os mórmons o Inferno pode ser :

a)      Um estado temporal de aflição devido à culpa de nossos pecados

b)      O reino da perdição: Um reino sem glória, para onde Lúcifer e vários iníquos irão
c)      A prisão ou “Hades”  no mundo espiritual: Uma condição temporária entre a morte, a ressurreição e o julgamento final, onde espíritos iníquos sofrem seu tormento.
d)      A exclusão do reino Celestial, ou mais alto grau: A não possibilidade de viver novamente com Deus em seu reino pode ser entendida como uma punição aos que não forem fiéis até o fim
         Quanto à crença em vários graus de glória, podemos encontrar na Bíblia em:
         I Coríntios 15:40-42 e II Coríntios 12:2-5


2)     Como pode Alma 6:10 afirmar que Jesus nasceria em Jerusalém, terra de seus antepassados se todo mundo sabe que Jesus nasceu em Belém, não em Jerusalém?

 

    A resposta a esta questão foi tirada de vários comentários extraídos de um fórum de debates na Web:

a) Irineu

           

            Muitos têm tentado mostrar que existe uma discrepância na narração de Alma com relação à Belém e Jerusalém para o nascimento de Cristo.

            Se tivermos que considerar o que está escrito e literalmente - como fazem nossos críticos - teremos que fazer o mesmo em uma situação análoga na Bíblia.

 

            Vejamos II Reis 14:20 "Então o trouxeram (Amazias) sobre cavalos; e ele foi sepultado em JERUSALÉM, junto a seus pais, NA CIDADE DE DAVI".

            Por essa escritura lê-se claramente:

Jerusalém = Cidade de Davi

 

            Agora vejamos essas duas outras escrituras:

 

"Subiu também José, da Galiléia, da cidade de Nazaré à CIDADE DE DAVI, CHAMADA BELÉM, porque era da casa e família de Davi" (Lucas 2:4).

 “Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de BELÉM, a aldeia donde era Davi?” (João 7:42)

 

            Por essas duas lê-se:

Belém = Cidade de Davi

 

            Agora, se a cidade de Davi, de acordo com o Novo Testamento é Belém, como se explica que ele (Amazias) tivesse sido sepultado na cidade de Davi, uma vez que é dito que foi sepultado em Jerusalém?

            Seguindo a mesma linha de raciocínio teríamos que chegar a mesma conclusão sobre a Bíblia, tornando-a também falsa. 

            Entretanto, o mesmo entendimento que serve para compreender o que se passa na Bíblia é o mesmo para o Livro de Mórmon. 

            O profeta Alma sabia que Jerusalém está no Velho Mundo. Agora, o Senhor deveria dizer à Alma onde nasceria o Filho de Deus. Então, foi dito à ele que o Filho de Deus nasceria em Jerusalém, para que Alma pudesse relacionar o assunto com a terra de seus antepassados. 

            Se procurar a palavra "em" (at, em inglês), você notará que significa: uma posição exata ou aproximada de um lugar. 

            É só uma questão de não ter preconceito e buscar sinceramente a verdade independente de onde venha.

sds,

Irineu

 

b) "João Morais"

 

Irmão Irineu

 

Como apoio ao seu depoimento, incluo o seguinte texto:

 

REVISITANDO A TERRA DE JERUSALÉM ATRAVÉS DOS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

 

            Durante cerca de 160 anos, começando em 1833, na publicação de Alexander Campbell's Delusions, numerosos críticos reclamaram que a frase "terra de Jerusalém", usada no Livro de Mórmon, foi um grande erro e prova que o Livro de Mórmon era falso. Especialmente, criticaram o uso dessa frase, em referência ao lugar onde Cristo haveria de nascer. Tal frase, não sendo usada na Bíblia ou nos livros apócrifos, foi o suficiente para que concluíssem que era um exemplo da ignorância de Joseph Smith, e uma evidência que ele forjou uma fraude. 

            Para quem honestamente esteja interessado acerca da autenticidade do Livro de Mórmon, já em 1957, Hugh Nibley mostrou que uma das cartas de Amarna, escritas no séc. XIII a. C. e descoberta em 1887, relatando a captura de "uma cidade da terra de Jerusalém, Bet-Ninib" (CWHN 6:101 [Note from J.L.: CWHN = The Collected Works of Hugh Nibley. Volume 6 is An Approach to the Book of Mormon]).

            Como era esperado, esta e outras evidências acerca do uso deste tipo de terminologia no Mundo Antigo (ler John W. Welch, ed., Reexploring the Book of Mormon, 170-72) foi ignorada por críticos do Livro de Mórmon.

Agora, dos Manuscritos do Mar Morto, chega-nos prova ainda mais específica da ocorrência da frase "terra de Jerusalém", ajudando-nos a perceber o seu significado, num texto que indiretamente relaciona a frase com a Jerusalém do tempo de Leí. 

            Robert Eisenmann e Michael Wise, (não mórmons), em The Dead Sea Scrolls Uncovered (1993), discutem um documento que chamaram provisoriamente "Pseudo-Jeremias" (manuscrito 4Q385). Começa assim este texto danificado:

 

....Jeremias o Profeta diante do Senhor [...q]ue foram levados cativos da terra de Jerusalém [Eretz Yerushalayim, coluna 1, linha 2] (p. 58).

 

            Na sua discussão deste texto, Eisenmann e Wise elaboraram o significado da frase "terra de Jerusalém," como o equivalente a Judah (Yehud):

 

“Uma outra interessante referência é a ‘terra de Jerusalém’ na Linha 2 do Fragmento 1. Isto enormemente dá credibilidade ao sentido de historicidade como um todo, uma vez que Judá ou ‘Yehud’ (o nome da região em moedas do período Persa) por esta época consistia como sendo um pouco maior do que Jerusalém e suas regiões circunvizinha” (p. 57)

 

            Baseado na evidência de Qumran, e nas palavras de Eisenmann e Wise, nós podemos concluir que essa linguagem é consistente com o que afirmamos, sendo aceitável o uso de tal frase entre o povo de Israel do tempo de Jeremias, o que contribui graciosamente para o senso de historicidade do Livro de Mórmon.

            Os críticos do Livro de Mórmon não gostarão deste argumento, apesar desta evidência. Isso não será surpresa, pois apesar de tudo, o seu argumento que no tempo de Joseph Smith não era conhecida tal expressão é correta.

            Virtualmente, todos os oponentes do Livro de Mórmon terão de assumir, à priori, que o texto é do século XIX, puramente de origem humana, para serem consistentes na sua argumentação. No caso da "terra de Jerusalém", como a frase não pode ser explicada como sendo do conhecimento de Joseph Smith, e como não ocorre na literatura bíblica, insistirão que Joseph se enganou.

            A frase não era conhecida nos dias de Joseph, mas, desconhecendo ele, mas sua utilização é consistente com a altura que o livro foi escrito (Joseph traduziu). Assim, o suposto "erro" de Joseph Smith tornou-se mais uma evidência da autenticidade do Livro de Mórmon.

 

Um grande, grande abraço,

João Morais

 

c) Marcelo M. Silva

 

            Entre as famosas Crônicas de nosso futebol, conta-se a história de Claudomiro, ex-meia do Internacional de Porto Alegre, ao chegar a Belém do Pará para disputar uma partida contra o Paysandu, pelo Brasileirão de 72 teria dito no microfone de uma rádio:

 

"Tenho o maio orgulho de jogar aqui na Terra onde Cristo nasceu!"

 

            Se nosso saudoso Claudomiro, mesmo não sabendo a diferença entre o Pará e a Judéia, sabia que Cristo nasceu em Belém, alguns perguntariam como é que Joseph que trouxe á luz um livro tão religioso como o Livro de Mórmon poderia associar Jerusalém, como a terra onde Jesus nasceu.

            Como nosso irmão Irineu e João Morais já acima mencionaram, analisando a frase no Inglês temos "…born at Jerusalem, land of our forefathers". Interessante que no Inglês original não está "born in Jerusalem". As preposições "at" e "in" são traduzidas ambas como "em" no Português, mas todos sabemos que em Inglês, enquanto "in" da a Idéia de "dentro de", "at" nos dá a idéia de "junto de, próximo a", não necessariamente significando dentro.

Aí começa as grandes "sacadas" de Joseph Smith, seria possível que nosso iletrado camponês soubesse que Belém está a apenas 8 km do centro de Jerusalém, e usou a preposição "at" ao invés de "in"!?

            A próxima grande sacada é a expressão “terra de Jerusalém” ou “terra de nossos antepassados”, usada também em outras passagens do Livro de Mórmon., referindo-se não necessariamente a cidade que se encontrava dentro das muralhas de Jerusalém, mas também a algumas regiões circunvizinhas.

 

“Ora, isto ele disse por causa da obstinação de Lamã e Lemuel; porque eis que murmuravam a respeito de muitas coisas contra seu pai, que ele era um visionário e os havia tirado da terra de Jerusalém, fazendo-os deixar a terra de sua herança e seu ouro e sua prata e suas coisas preciosas, para morrerem no deserto. E diziam que ele havia feito isso por causa das loucas fantasias de seu coração.”(1 Néfi 2:11)

 

“E eu, Néfi, e meus irmãos empreendemos a viagem pelo deserto com nossas tendas, para subirmos à terra de Jerusalém. E aconteceu que, tendo subido à terra de Jerusalém, eu e meus irmãos pusemo-nos a deliberar.”

(1 Néfi 3:9 - 10)

 

“E com essas palavras meu pai, Leí, confortava minha mãe, Sariah, a nosso respeito, enquanto viajávamos pelo deserto para a terra de Jerusalém a fim de obtermos o registro dos judeus.”(1 Néfi 5:6)

 

“E aconteceu que durante essa revolta, quiseram eles voltar para a terra de Jerusalém.”(1 Néfi 7:7)

 

“E agora isto digo eu, por causa do espírito que está em mim. E não obstante terem sido eles levados, retornarão e ocuparão a terra de Jerusalém; serão portanto restituídos à terra de sua herança.”(2 Néfi 25:11)

 

“E ademais, darei a este povo um nome, para que assim sejam distinguidos de todos os povos que o Senhor Deus trouxe da terra de Jerusalém; e isto faço porque tem sido um povo diligente na obediência aos mandamentos do Senhor.(Mosías 1:11)

 

“E EM verdade, em verdade vos digo que tenho outras ovelhas que não são desta terra nem da terra de Jerusalém nem de qualquer das partes daquela terra circunvizinha, onde estive exercendo meu ministério.”

(3 Néfi 16:1)

 

“Porque como José levou seu pai para a terra do Egito, de modo que ele lá morreu, da mesma forma o Senhor tirou da terra de Jerusalém um remanescente da semente de José para usar de misericórdia com a descendência de José, a fim de que não perecesse, assim como fora misericordioso para com o pai de José, a fim de que ele não perecesse.”(Éter 13:7)

 

            Como nosso irmão João Morais já discorreu sobre isto, deixo apenas meu comentário adicional sobre as táboas de argila de El-Armana, que falam da cidade de Belém na terra de Jerusalém.

            Tábuas de Argila escritas no décimo quarto século A.C. e encontradas em El-Amarna no Egito usa o termo terra para vários sítios Cananitas sabidos terem sidos cidades na Antiguidade. Por exemplo, um texto (El-Amarna 289) fala da "cidade de Robutu," e uma outra (El-Amarna 290) menciona a "terra de Rubutu." A primeira destas também fala da "terra de Shechem" e a "terra da cidade de Gath-Carmel" (ambos sítios antigos) e diz de Jerusalém, "esta terra pertence ao rei." Um terceiro texto (El-Amarna 287) menciona as "terras" de Gezer, Ashkelon e Jerusalém.

            A mais impressionante, entretanto, é uma passagem da El-Amarna 290 que fala da "cidade na terra de Jerusalém" chamada Bît-Lahmi, que é o equivamente Cananita para o nome Hebreu conhecido com "Beth-lehen" nas Bíblias Inglesas e Belém nas Bíblias em Português. (Beth-Lehen signica Casa (=Beth) do Pão (Lehen) assim como o equivalente Cananita Bît-Lahmi!).

            Desta forma concluímos que nos tempos antigos a cidade de Belém foi considerada como sendo parte da "terra de Jerusalém".

            Destarte entendemos também por que Amazias foi dito ser enterrado em Jerusalém, na cidade de David (II Reis 14:20), e no Novo Testamento temos Belém como sendo a cidade de David (Lucas 2:4 e João 7:42).

   

3)     Se os Mórmons acreditam em Deus e  Jesus como dois seres distintos, como vocês explicam Mosías 15, onde o profeta Abinádi parece equalizar as duas figuras, Pai e Filho em uma única pessoa?

O Dilema da Trindade.

            A clássica doutrina da Trindade foi estabelecida mais clara e autoritariamente por Agostinho. Sobre a Trindade, Agostinho declara.

            Há o Pai, o Filho e o Espírito Santo e cada um é Deus, e ao mesmo tempo todos são um Deus, e cada um deles é uma substância completa, e ao mesmo tempo todos são uma substância. O Pai não é o Filho nem o Santo Espírito; o Filho não é o Pai nem o Santo Espírito; o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho. Mas o Pai é o Pai unicamente, o Filho é o Filho unicamente, e o Espírito Santo é o Espírito Santo unicamente. [Sobre a Doutrina Cristã I, 5, 5]

A declaração de Agostinho concernente à relação das pessoas divinas com o Deus único leva ao seguinte (Se considerarmos só o Pai e o Filho):

(1) Há exatamente um Deus;
(2) O Pai é Deus;
(3) O Filho é Deus;
(4) O Pai não é idêntico ao Filho.

A partir destas premissas delineadas aparenta-se que a aceitação de quaisquer três destas premissas leva a negação da quarta. Premissas 1, 2, 3 levam a crer que o Pai e o Filho são idênticos e destarte segue a heresia Sabeliana. A heresia declara que o Pai, Filho e Espírito Santo são um mesmo ser idêntico apenas manifestado meramente de três diferentes modos (por isso conhecida também como Modalismo). Premissas 2, 3 e 4 levam ao bi-teísmo (e tri-teísmo se considerarmos também o Espírito Santo). Existem dois personagens independentes e separados, ambos os quais são deuses. Indo mais adiante, premissas 1, 2 e 4 levam a dizer que o Filho não é divino e desta forma reflete a heresia Ariana a qual sustenta que o Filho não é divino no mesmo sentido em que o Pai é divino. E das premissas 1, 3 e 4 segue-se que o filho é divino mas o Pai não é. A heresia Gnóstica que rejeitava o Deus do Velho Testamento mas aceitava Cristo como divino corre nesta direção. Esta inconsistente tétrade de premissas impõe um problema significativo aos Cristãos clássicos pois cada uma delas é confirmada pela tradição.

O Problema jaz no fato de que não há nenhuma maneira fácil de construir essas asserções a fim de evitar o problema. Se “é” nessas proposições pode ser compreendido como uma declaração de identidade então não temos como evitar o modalismo. Então nós estaríamos dizendo alguma coisa logicamente equivalente a: ‘Spencer Kimball é o autor do Milagre do Perdão, Spencer Kimball é o décimo segundo presidente da Igreja de Jesus Cristo SUD, e Spencer Kimbal é o Profeta aos Lamanitas, mas não há três Spencer Kimballs mas apenas um’. Enquanto esta maneira de construir as proposições seja claramente coerente, ela nos leva à heresia do modalismo.

Por outro lado, se nós entendêssemos “é” como um adjetivo predicativo para filiação dentro de uma classe ou conjunto nós rumamos para a heresia do tri-teísmo. Tal interpretação é como dizer que Ronaldo é jogador do Real Madrid, Figo é jogador do Real Madrid e Roberto Carlos é jogador do Real Madrid, mas não há três equipes denominadas Real Madrid, apenas uma. Esta maneira de construir as proposições é claramente coerente. Entretanto, leva-nos a afirmar que há três jogadores de futebol e não simplesmente um. Embora haja um só time, o time não é realmente qualquer coisa sobre ou acima os membros da equipe em si. A equipe tal qual é chamada não possui qualquer realidade por si só mas apenas a realidade dos membros da equipe.

Também é fácil reconhecer que muitos dentro da Cristandade hoje estão mais ou menos de um lado modalista ou tri-teísta, sendo esta última mais facilmente identificada pelos mórmons do que a primeira. Essas duas maneiras de abranger a questão, ambas caem na falácia da composição, ou seja, quando assumimos que o todo deva ter as mesmas propriedades de cada uma de suas partes. Ou seja quando achamos que uma grande multidão de pessoas seja uma multidão de pessoas grandes, ou quando assumimos que qualquer composição de gases a temperatura ambiente deva necessariamente ser um gás. Todavia, quando compomos uma molécula de água, formada pela união de dois átomos de Hidrogênio e um de Oxigênio, esta possui muitas propriedades distintas daquelas intrínsecas às suas partes individualmente.

A analogia com a água, talvez seja a melhor maneira de expor uma analogia com a Deidade. Esta Deidade, composta pela união de um Pai, Filho e Espírito é como podemos entender as escrituras quando fala em um único DEUS, diferentemente quando considerada separadamente cada Deus em si próprio.

Um modelo modalista moderno tentaria fazer analogia como água em estado gasoso (=Deus Espírito), líquido (Espírito Santo) e sólido (O Filho encarnado), todos componentes de uma mesma substância, possuidores de propriedade intrínseca única (propriedades químicas da água) mas de propriedade extrínsecas distintas (propriedades físicas de cada um dos estados da água).

O Modelo Mórmon, também fala da mesma molécula de água, a mesma Deidade formada pela tríade de três Deuses, que ao se unirem formam um Deus (ou Deidade única). Neste modelo, as propriedades intrínsecas de cada um dos componentes são distintas, mas quando unidos em uma molécula ou Deidade possuem propriedades intrínsecas e extrínsecas únicas. 

Os dois modelos dependem muito da qualificação das propriedades intrínsecas e extrínsecas de cada dos componentes desta tríade. No modelo modal, por exemplo, fica patente que o fato do Filho poder ser visto, andar entre os homens, sofrer e morrer, é uma propriedade extrínseca da água no estado sólido que não é compartilhada pela água no estado de vapor. Mas e quanto a outras propriedades?

A)     Onipotência: Cristo cresceria em sabedoria e estatura (Lucas 2:52), enquanto o Pai permaneceria onipotente para controlar o Universo após o filho ter-se esvaziado para viver entre os mortais [Kenosis], (Filipenses 2;6-11)

B)     Composição e estado Corporal: Durante seu tempo mortal Ele orava para ele mesmo, dizia para Pedro que havia recebido revelação dele Mesmo que estava no Céu (que não tinha sangue) e ao mesmo tempo  conversava com Pedro aqui na Terra (mas tinha sangue). (Mateus 16:15-17) & (Lucas 22:44)

C)     Falar e posicionar-se simultaneamente nos três estados: No seu Batismo anuncia-se a si mesmo, além de transforma-se numa pomba a fim de descer sobre si mesmo (Mateus 3:16-17)

D)     Possuir vontades distintas: O Filho não desejar beber da taça amarga no Getsêmani enquanto o Pai possuía outra vontade. (Lucas 2:42)

E)     Mesmo após sua expiação e ressurreição, após ter deixado seu estado de água sólida entre os homens, não ter subido ainda ao Pai: Quando Maria tentou tocá-lo após a ressurreição, este o impediu, afirmando que não havia ainda se encontrado com Ele mesmo (João 20:17)

F)     Onisciência: O Pai saber a hora da segunda Vinda mas o Filho não. (Mateus 24:36; Marcos 13:32)

G)     Viver em Estados distintos no Céu com o Pai: Mesmo após sua expiação, morte, ressurreição e ascensão, apareceram ambos a Estevão lado a lado. (Atos 7:55-56).

          Estas passagens acima se tornam difíceis de se conciliarem com um modelo modal. Por isso hei de expressar minha preferência pelo modelo “Social Trinitarista”, que apesar de salientar a individualidade das propriedade de cada elemento em si mesmo, deva também considerar, que ao se juntarem, são uma única Deidade com propriedades intrínsecas e extrínsecas comuns.

         Definindo estes termos podemos agora ir para Mosías 15:

 ... o próprio Deus descerá

entre os filhos dos homens

e redimirá seu povo.

 

E porque ele habita na carne,

será chamado o Filho de Deus;

e havendo sujeitado a carne

à vontade do Pai,

sendo o Pai e o Filho—

 

O Pai, porque foi concebido pelo poder de Deus;

e o Filho, por causa da carne;

tornando-se assim o Pai e o Filho—

 

E eles são um Deus, sim,

o próprio Pai Eterno do céu e da Terra.

E assim a carne, tornando-se sujeita ao Espírito,

ou o Filho ao Pai, sendo um Deus,

sofre tentações ...

 

Sim, desse modo será conduzido,

crucificado e morto,

a carne sujeitando-se à morte,

a vontade do Filho

sendo absorvida pela vontade do Pai.

 

E assim rompe Deus as ligaduras da morte,

...dando ao Filho o poder

de interceder pelos filhos dos homens—

(O Livro de Mórmon | Mosías 15:1 - 8)

Agora levantaremos algumas questões. Quantas vontades existem entre as pessoas divinas? A resposta parece bem clara. Existem duas. O Filho tem uma vontade própria mas Ele a sujeita à vontade do Pai através de submeter-se à morte em conseqüência do desejo do Pai. Quantas vontades são expressas na vida do Filho? Há apenas uma única vontade funcionalmente expressa pois a vontade do Filho é absorvida na vontade do Pai. Por causa da vontade do Pai ser corporificada no Filho, usando esta figura de linguagem, o Filho torna-se tanto Pai como Filho. 

Satisfaria esta escritura o princípio de identidades intrínsecas indiscerníveis exigidas pelo Modalismo?  Manifestamente ela não o consegue pois o Filho possui um número de propriedades que o Pai não possui. O Filho tem uma vontade distinta a qual é sujeita a vontade do Pai. Então, o Filho tem uma propriedade de ter uma vontade sujeita a vontade do Pai e o Pai não tem. O Pai dá poder ao Filho para realizar a intercessão, o filho então tem a propriedade de receber poder do Pai a fim de realizar a intercessão e o Pai não. O Filho tem a propriedade de habitar na carne (mortal) e é chamado Filho por possuir esta propriedade que o Pai não a tem. O Filho tem a propriedade de ser concebido pelo poder do Pai e o Pai não. Segue-se que o Pai e o Filho não são idênticos embora estejam intimamente ligados, conectados por uma vontade comum.

Então, há duas pessoas divinas tendo diferentes vontades nesta passagem, o Pai e o Filho. Entretanto, há apenas uma única Deidade (“Deus”, se assim o denotarmos). O Pai e o Filho em relação a um para com outro “são um Deus.” É de última importância apercebemos que sempre que nas escrituras mórmons predica-se sobre a unidade de Deus, é sempre, sem exceção, um relacionamento do Pai para com o Filho, ou do Pai, Filho e Espírito Santo um para cada outro, e nunca uma referência para apenas uma das personagens divinas. Este uso pode ser comparado a referências ao “Deus único” no Velho Testamento o qual se refere a uma personagem divina singular, Yahveh (Deuteronômio 6:4), ou no Novo Testamento onde o Pai é algumas vezes chamado o único Deus (I Coríntios 8:6; Efésios. 4:6) ou “o único Deus verdadeiro” (João 17:3).

Há uma outra característica desta passagem a qual é importante salientar. O Livro de Mórmon enxerga a possessão de um corpo mortal como a condição necessária para os humanos experimentarem sofrimento. (2 Néfi 2:15-25) Além do mais, Deus não é exceção a esta regra geral. É verdade  que o Livro de  Mórmon vê o Filho como o Deus do Velho Testamento que entregou a Lei aos Israelitas. (I Néfi 19:7, 9-10; Alma 7:8-13; 3 Néfi 11:14; 15:5-9) É o mesmo Deus de Israel quem é encarnado como o Filho de Deus. Não obstante, o Livro de Mórmon é cuidadoso ao especificar que sempre que o Deus de Israel sofre ou padece, ele o faz “segundo a carne.” (Alma 7:8-13, “o Filho de Deus padece segundo a carne”). Há 15 referências no Livro de Mórmon que predicam sofrimento de Deus, e todas as quinze referências são atribuídas “à carne” ou ao Filho de Deus como um mortal e nunca ao Pai ou Deus simplicitador. ( I Néfi 19:9; II Néfi 9:5, 21-22; Mosías 3:7; 17:15,18; 15:5; Alma 7:13; 33:22; Helamã 13:6; 14;20). O Filho possui a propriedade de sofrer segundo a carne e o Pai não.

Além do mais, o Livro de Mórmon refere-se ao Filho como “o Pai do céu e da terra” cinco vezes (Mos. 3:8; 15:4; Alma 11:39-40; Éter 3:14-17). Cada vez que o Filho é chamado o Pai do céu e da terra é sempre e apenas dentro do contexto de: (1) o Filho torna-se mortal e habita toma sobre si um tabernáculo carnal, e (2) o Filho como criador. Por exemplo, Mosías 3;5-8 declara que Ele “habitará um tabernáculo de barro... [e deverá] sofrer tentações, dores corporais,  fome, sede e cansaço maiores do que o homem pode suportar...E ele chamar-se-á Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Pai dos céus e da terra,  o Criador de todas as coisas...”. Parece-me que a melhor maneira de compreender referências ao Filho como o “Pai dos céus e da terra” é que a vontade do Pai tornou-se corporificada no Filho pois o Filho cumpre a vontade do Pai ao tornar-se encarnado. Esta é exatamente a conclusão de Mosías 15:3 a qual estabelece que o Filho “torna-se o Pai e o Filho” porque foi concebido pelo poder do Pai e tornou-se carne como o Filho. Mais adiante, o Filho é reconhecido como a exata duplicação do Pai na criação dos céus e terra porque Ele corporifica a vontade do Pai em tais atividades.      

Há é claro uma interpretação rival desta passagem usada pelos críticos que procura adequá-la com o Modalismo. Se tivesse propriamente abraçado esta visão por aqueles que argúem para uma interpretação modalista, eles sugeririam que em Mosías 15 a pessoa divina que o Pai é espírito e a mesma pessoa torna-se carne como o Filho. Então, esta pessoa única é chamada tanto o Pai e o Filho pois o espírito do Pai entrou na carne e tornou-se o Filho, destarte tornando-se tanto Pai e Filho. O Pai possui certas propriedades extrínsecas como um espírito antes de se tornar mortal e então possui outras propriedades extrínsecas subseqüentemente como carne. Por exemplo, como um espírito a pessoa divina que é chamada Pai não pode experimentar a dor mas quando esta mesma pessoa divina toma sobre si mesmo a carne na pessoa do Filho ela é capaz de experimentar a dor. Desta forma, pode-se argüir que as propriedades incompatíveis referem-se a sucessivos estados de existência da mesma pessoa divina. (Água em estado gasoso par água em estado sólido)

Entretanto, esta interpretação não pode dar conta de todos os aspectos deste texto. De acordo com Abinádi, O Filho como carne tem uma vontade distinta a qual é “absorvida” na vontade do Pai. O Pai tem uma vontade ao mesmo tempo em que o Filho tem sua vontade. Esta interpretação modalista nos levaria ao absurdo de dizer que a “a vontade do Pai foi absorvida em sua própria vontade, mas enquanto na pessoa do Filho.” Esta interpretação falha em reconhecer as distinções de vontades apresentadas no texto. Ela também leva-nos ao absurdo de dizer que “o Pai deu a si próprio poder de realizar a intercessão.” Esta interpretação falha em reconhecer a doação relacional do Pai para o Filho no texto. Ela também nos leva ao absurdo de afirmar que “o Pai concebeu a si mesmo.” O Filho tem propriedades como carne enquanto ao mesmo tempo, e não em um estado sucessivo, o Pai tem diferentes propriedades. Logicamente então, esta interpretação parece-me violar o princípio da indiscernibiladade das propriedades intrínsecas idênticas e não pode se relacionar ao texto como um todo.    

Há ainda outra razão mais forte para se rejeitar a interpretação modalista no Livro de Mórmon. Ela não pode ser ajustada com outras claras declarações em 3 Néfi,  como o exemplo do Filho orando ao Pai, o PAi anunciou e enviou seu Filho, O Filho ascendeu ao Pai e assim por diante. A culminação da revelação da relação entre o Pai e o Filho é elucidada em 3 Néfi onde o Filho aparece aos Nefitas. Como é apropriado à lógica interna do Livro de Mórmon como uma  revelação progressiva, a expressão de unidade/trindade em 3 Néfi é muito mais claramente definida do que nos profetas antes da auto-revelação de Cristo. O Livro de Mórmon apresenta os Nefitas como se não tivessem inteiramente compreendido a mensagem dos profetas antes da aparição de Cristo, e então Cristo procede em compartilhar um conhecimento mais pleno aos Nefitas. A lógica interna do Livro de Mórmon poderia sugerir que como Israelitas, os Nefitas antes de Cristo estivessem mais preocupados em preservar o monoteísmo como compreendido no Velho Testamento (principalmente logo depois do rei Josias). Desta forma, os profetas Nefitas anteriores a ressurreição de Cristo enfatizariam a unidade do Pai e do Filho. Após a aparição do Filho pós ressurreto, entretanto, a pluralidade das pessoas divinas é muito mais proeminente. Assim, Morôni pode falar de orar ao Pai no nome do seu “Santo Filho, Jesus” (Morôni 8:3) e do Filho ascendendo aos céus para sentar-se à mão direita do Pai. (Morôni 7;27; 9:26).

Concluindo: A passagem de Mosías enfatiza a unidade do Pai com o Filho, como a união dos componentes de uma molécula de água que formam uma só Deidade, a qual as escrituras chamam também de um só Deus, apesar de cada Deus individualmente possuir propriedades intrínsecas distintas. O Filho ao submeter sua vontade à vontade do Pai, torna efetiva esta ligação da tríade e a Deidade pode salvar o mundo através de seu sacrifício expiatório, se o Filho recuasse, não submete-se sua vontade à vontade do Pai, a ligação não poderia ser feita, não teríamos a molécula da Deidade, os homens não poderiam ser redimidos da queda e Lúcifer teria alcançado seu objetivo de frustrar o Plano de Salvação de Deus.

“Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito—e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar   Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos para os filhos dos homens....Eu sou Jesus Cristo; vim pela vontade do Pai e cumpro sua vontade.”

(D&C Seção 19:1819, 24)

        A seção 19 de D&C foi dada mesmo mês e ano da publicação da primeira edição do Livro de Mórmon (Março de 1830), enfatiza esta submissão da vontade do Filho Jesus à vontade do Pai Celeste e vai mais além da doutrina tri-teísta da Trindade.

        Na verdade a coloca mais numa condição de Trinitarismo Social, três pessoas divinas distintas e ainda assim formando uma única unidade social, a Deidade, que as escrituras também chamam Deus, a qual governa e interage com o Universo e os homens. Este único Deus (Deidade) possui uma característica única de salvação e remissão dos homens que individualmente cada membro da Deidade sozinho não poderia fazer, sendo necessário a absorção da vontade do Filho e Do Espírito Santo na vontade do Pai, o Deus Altíssimo.  

7) Afinal o que vem a ser a questão do DNA no Livro de Mórmon?

(Esta resposta eu preparei para enviar a alguns membros que me perguntavam a opinião de algumas reportagens sobre o assunto que saiu na mídia americana, basicamente devido às alegações de 2 SUD inativos, Southerton e Murphy, alegando que a atual pesquisa de DNA não apoiava a versão do Livro de Mórmon para a origem dos índios americanos.)

            Este assunto foi bastante debatido na mídia americana em 2003 e 2004 e creio que vários membros deram explicações razoáveis para tal.

            Em primeiro lugar, devemos entender o que vários eruditos do Livro de Mórmon realmente dizem ou estão dizendo para afirmar que alguma coisa coisa oficial mudou na Igreja. A igreja nunca teve um mapa oficial das terras do Livro de Mórmon nem afirmação oficial de que os únicos descendentes de todos os índios que habitaram a Antiga América e Ilhas do Pacífico fossem somente descendentes de Lamã e Lemuel.

             Houve sim uma percepção entre muitos membros da Igreja que os eventos do Livro de Mórmon abrangessem toda as terras da América, muitas vezes até das terras da América do Norte. Vários eruditos têm demonstrando que esta é uma percepção que apesar de tradicional não encontra respaldo no próprio Livro de Mórmon, que por exemplo descreve: viagens entre uma cidade e outra eram sempre feitas a pé; Lamanitas descritos com poucas roupas, impróprio para climas subtropicais e temperados; nunca é mencionado inverno ou neve em todo o Livro; etc.. Creio que um dos fatores que levaram a aquela antiga visão tenha sido a identificação de Cumorah com a colina de Manchester perto da casa de Joseph Smith como sendo o local da última batalha Nefita, contudo uma leitura mais atenta do Livro corrige esta má interpretação.

 Mórmon 6:6

"…Não desejando que estes registros que foram passados de mão em mão pelos nossos pais, os quais são sagrados, caíssem nas mãos dos Lamanitas, (pois os Lamanitas os destruiriam) portanto Eu fiz este registro a partir da placas de Néfi, e escondi na colina Cumorah todos os registros que haviam a mim sido confiados pela mão do Senhor, EXCETO estas poucas placas que eu entreguei ao meu filho Morôni."

Repare que Mórmon, o pai de Morôni esconde todos os registros sagrados na colina Cumorah, região da última batalha Nefita, contudo, o resumo que fez das placas de onde tiramos o Livro de Mórmon não foi escondido naquela colina, mas dado a seu filho Morôni. 

Morôni após a batalha final vaga errante por vários anos fugindo dos Lamanitas (como mostra no filme, o "Livro de Mórmon, uma rara possessão") até esconder o resumo das placas na colina em Manchester, que no começo não se chamava Cumorah, mas muitos membros no começo da Igreja passaram a identificar a colina de Manchester também de colina Cumorah, apesar de não ter nada a ver com a colina da última batalha. 

A confusão dos nomes acabou por fazer muitos membros pensarem que a colina em Manchester fora o local da última batalha Nefita.

Outra confusão foi com o termo usado no Livro de Mórmon para “Lamanitas”. No começo do Livro o termo é usado exclusivamente para designar os descendentes de Lamã e Lemuel que se separaram dos descendentes de Néfi e Sam. Contudo mais adiante o Livro explica que: não existiam mais ‘itas’, o povo era todo um único povo. Depois disso é descrito que aqueles que seguiam o evangelho eram chamados de ‘Nefitas’ e os que não seguiam eram chamados de ‘Lamanitas’, ou seja, a divisão passa ser mais política de que necessariamente uma divisão pela descendência genealógica. Este termo é como termina o Livro de Mórmon e como também é usado em D&C, ou seja, de ameríndios que não mais conheciam ou aceitavam o evangelho de Cristo. 

Contudo a percepção de que cada índio americano fosse um descendente de Lamã ou Lemuel prevaleceu na Igreja, até mesmo entre vários líderes do passado. Outros líderes no passado contudo já haviam percebido o exagero de algumas destas percepções e declaram outras alternativas ora defendendo uma geografia mais localizada em torno da América Central (Joseph Smith), ora o intercâmbio cultural e miscigenação com outros povos que habitavam ou vieram habitar as Américas (B.H. Roberts, começo do séc. XX), sendo esta última inclusive extraída de uma leitura mais atenta do livro de Jacó, como por exemplo: problemas de poligamia entre os Nefitas logo na 2a geração Nefita, Sherem, um membro desta 2a geração, apesar de ter ouvido falar de Jacó (o sucessor eclesiástico de Néfi) nunca o haver conhecido pessoalmente ou ter lhe dirigido a palavra antes.

Não vejo nada de errado de antigas percepções que não eram oficiais mudarem através de pesquisa ou de uma melhor leitura do texto para entender sobre o que o Livro de Mórmon realmente diz ou não diz. Isto é comum na própria história Cristã, antes de Galileu todo mundo lia a passagem de Josué ‘Sol, detenha-se sobre Gibeão e tu, oh Lua, detenha-se sobre o vale de Ajalom’ como uma prova escriturística do modelo geocêntrico do Universo conforme proposto por Ptolomeu e aceito indubitavelmente por quase 1 milênio e meio. Outra, a leitura da criação em Gênesis levava quase todos os cristãos, judeus e muçulmanos a acreditarem que a Terra havia sido criada em 6 dias de 24 horas. Após o desenvolvimento da geologia e biologia no século XIX, esta milenar percepção foi mudada para pelo menos 6000 anos ou simplesmente 6 períodos de duração indeterminada.

Deixando agora de lado a questão de percepções tradicionais dos membros SUD sobre a geografia e a história as quais podem mudar pois não há nada oficial sobre a região específica  onde ocorreram tais eventos, gostaria de analisar as conclusões de Southerton baseadas no DNA. Vários geneticistas e pesquisadores SUD já apontaram para a inconsistência das conclusões de Southerton, Murphy ou qualquer outro pesquisador que ache que não existem genes dos descendentes de Leí entre os ameríndios, pois para responder esta pergunta precisaríamos antes saber:

a)   Qual seria a carga genética de um israelita em 600 A.C.?

b)   Quem era e qual a origem da esposa de Ismael, a portadora do DNA mitocondrial (passado exclusivamente pelas mulheres de uma geração para outra)

c)   Existe algum marcador genético exclusivo para se identificar um israelita?

d)   O que realmente mostram os estudos de DNA das populações ameríndias?

           As perguntas a) e b) encontram sem resposta hoje à luz das presentes informações. A pergunta c) só pode ser respondida parcialmente. O único marcador genético válido para identificar um israelita é um encontrado entre os Levitas, uma tribo que somente se casava entre si e era ainda mais rigorosa contra a contaminação de sua linhagem com alguém de fora, pois isso significava a perda da sua linhagem sacerdotal e a perda de todos os privilégios de um Levita. Duas das 3 migrações registradas no Livro de Mórmon colocam Leí como um descendente de Efraim, Ismael de Manassés e Muleque como de Judá, nenhuma referência sequer a qualquer Levita que tivesse migrado para as Américas.

Respondendo a questão d), o que o DNA dos Ameríndios mostram é que existe uma grande incidência dos haplotipos A,B, C, D e X no DNA mitocondrial (aquele transmitido somente pelas mães) entre eles. O estudo foi feito baseado em índios modernos e em algumas poucas múmias americanas. Estes haplotipos são mais raros entre outras populações do planeta, mostrando uma correlação maior entre os mongóis da Mongólia e Sibéria. Diga-se de passagem que é raro entre chineses e japoneses e chegam a aparecer também em menor proporção entre povos do Oriente Médio. Estudos mais recentes já mostram que o haplotipo X americano provavelmente não corresponde ao haplotipo X Mongol, tendo provavelmente outra origem.

            Apesar desta análise ter sido realizada para poder ajudar a hipótese da colonização das Américas a partir do estreito de Behring (o que de nenhuma forma é impedida pelo Livro de Mórmon), nenhum efeito ou esforço foi usado para testar a hipótese do Livro de Mórmon. Por exemplo, as Múmias loiras preservadas nas cavernas do deserto de Atacama no Chile e nas cavernas do Missouri não foram levadas em conta neste estudo. Além do que, sempre que um nativo americano possuía um marcador mais tipicamente europeu ou do oriente médio, era descartado da amostra como ‘provavelmente contaminado pelo sangue dos colonizadores’. Mais outra coisa, Southerton é injusto ao afirmar que as Autoridades Gerais deviam informar aos índios de que não existe qualquer prova genética que sejam descendentes de israelitas, mas acaso alguma Autoridade Geral falou que havia? Apenas acham que o sangue dos descendentes de Lamã encontram-se de alguma maneira misturado ao sangue destes índios de acordo com o relato do Livro de Mórmon. Contudo sem saber o DNA de Lamã e Lemuel ou mesmo da esposa de Ismael, é impossível imaginar que tipos de marcadores deveríamos encontrar ou não encontrar entre os índios da Polinésia e da América. Se Southerton dependia seu testemunho do Livro de Mórmon a partir de uma confirmação científica, vai ficar esperando, pois este não é o método do Senhor, agora o fato de seu livro esta sendo publicado pela Signature Books, uma editora especializada em livros críticos à Igreja, pode pecar contra a integridade de suas conclusões para se afastar da Igreja, mero questionamento intelectual ou oportunidade de ganhar dinheiro com antimórmons?

 Para saber mais, o link abaixo trata o assunto extensivamente:

http://www.jefflindsay.com/LDSFAQ/DNA.shtml

Este outro sítio abaixo não tem nada a haver com a Igreja, contundo defende a diversidade étnica dos antigos povos americanos. Alguns dados interessantes do sítio:

            Felizmente, as modernas maravilhas da ciência genética e dos testes de DNA podem resolver algumas destas controvérsias de uma vez por todas. Pesquisadores genéticos estudando o DNA mitocondrial descobriram um quinto fator X haplotipo que está presente em alguns ‘Nativos Americanos’ que se consideram ser ‘sangue-puro’ e também em alguns Nativos Europeus mas NÃO são encontrados em Asiáticos. (Genetic Differences, Athena Review) Isto indica uma forte probabilidade de uma contribuição Caucasóide significante no pool genético dos Nativos Americanos também em algum lugar do passado dos antigos pré-Colombianos…

            Além do mais, o sobrinho de Pizarro relatou que os nobres Incas eram loiros e se distinguiam da população local,…

            …Entretanto, seria no mínimo ingênuo para eles ou qualquer um, em sua boa consciência, continuarem a negar o fato de que “Os antigos habitantes da América do Norte fossem membros de diversos grupos étnicos, e não necessariamente assemelhavam-se ao genótipos dos Mongolóides Asiáticos, os quais nós comumente pensamos como sendo o ‘Nativo Americano’ de hoje”.

Fonte:http://vnnforum.com/main/index272.htm

8) O Aguilhão da Morte no Livro de Mórmon

    O Livro de Mórmon sofre constante ataque por parte de seus críticos por usar uma fraseologia ou citações neo-testamentárias antes do tempo em que o Novo Testamento fosse escrito.
A questão da fraseologia pode ser facilmente explicada pela escolha das palavras na tradução, assim Joseph Smith poderia usar facilmente a palavra “igreja” (escolhida para as traduções modernas do NT) do que a palavra “assembléia” (escolhida para as traduções do VT). Outros exemplos de palavras de mesmo significado que ocorrem de uma maneira no Velho e doutra no Novo são:

Velho Testamento (VT)
Novo Testamento (NT)
Messias
Cristo
Espírito de Deus
Espírito Santo
Sheol ou Seol
Hades (Inferno)
Congregação
Igreja ou Sinagoga

    Ou seja, um tradutor moderno ao se deparar com uma palavra numa língua antiga que significasse uma “congregação de fiéis”, poderia escolher a palavra “congregação” ou “igreja”, dependendo daquela que fosse mais aceitável e familiar em seu moderno “parlace”, não importando se tal palavra é mais ou menos comum no Velho ou no Novo Testamento.

    Há; entretanto, algumas citações de expressões que “parecem ser exclusivamente” Neo-testamentárias, i.e., sem uma correspondente no Velho Testamento de onde os profetas Nefitas poderia também ter usado como fonte para a compilação de seus textos.

    Um exemplo clássico disto é a famosa frase de I Coríntios 15:55, “Ó morte, onde está o teu aguilhão? Ó morte (ou inferno, depende versão) onde está a tua vitória? Alusões claras a esta passagem são feitas por três profetas do Livro de Mórmon: Abinádi (Mosías 16:7-8), Aarão (Alma 22:14), e Mórmon (Mórmon 7:5).

    Mosías 16:7-8 " E se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos nem rompido as ligaduras da morte, para que a sepultura não tivesse vitória nem aguilhão tivesse a morte, não poderia ter havido ressurreição.
Há, porém, uma aressurreição; portanto a sepultura não tem vitória e o aguilhão da morte é desfeito em Cristo."

    Alma 22:14"E tendo o homem caído, por si mesmo nada podia merecer; mas os sofrimentos e a morte de Cristo expiam seus pecados por meio da fé e do arrependimento e assim por diante; e ele rompe as ligaduras da morte, para que a sepultura não seja vitoriosa e para que o aguilhão da morte seja consumido na esperança de glória; e Aarão explicou todas essas coisas ao rei."

    Mórmon 7:5 "Sabei que deveis ter conhecimento de vossos pais e arrepender-vos de todos os vossos pecados e iniqüidades e crer em Jesus Cristo, que ele é o Filho de Deus e que foi morto pelos judeus; e que pelo poder do Pai se levantou novamente, pelo que conquistou a vitória sobre a sepultura; e também nele é consumido o aguilhão da morte."

    Apologistas mórmons têm teorizado a existência de uma fonte comum para esta citação que predata tanto Paulo como os profetas do Livro de Mórmon. Basicamente suporte para esta teoria é divida em duas teorias:

1) Uma passagem perdida de Isaías:

    Apoio para esta teoria é encontrado no Evangelho de Nicodemos, uma obra apócrifa que os eruditos concordam em localizá-lo... pelo meio do quarto século, [1] considerado mais como uma obra suplementar do que espúria pelos antigos cristãos.[2] O evangelho de Nicodemos (originalmente conhecido como os Atos de Pilatos) trata primariamente dos eventos da paixão do Salvador, assim como com o seu descenso ao inferno para livrar os espíritos cativos. De acordo com este relato, à medida que Cristo realiza seu glorioso descenso, profetas que estavam aprisionados clamam em júbilo e citam as suas profecias proferidas quando eram mortais como evidência para o triunfo de Cristo sobre a morte e o inferno. Estes profetas incluíam Adão, Isaías, e David do Velho Testamento e João Batista e Simeão do Novo Testamento. [3] De especial interesse é a declaração atribuída a Isaías (que é citado mais de uma vez no Evangelho de Nicodemos):

    “Após isto, outro profeta, chamado santo Isaías, falou de igual maneira a todos os santos, não certamente profetizei a vocês quando estava vivo na terra? Os mortos viverão, e levantar-se-ão novamente aqueles que estão em suas sepulturas, e rejubilar-se-ão aqueles que estão na terra; pois o orvalho que vem do Senhor trará para eles livramento [cf. Isaías 26:19]. E disse em outro lugar, Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?

    Quanto todos os santos ouviram estas coisas proferidas por Isaías..".[4]

    Desta passagem, parece que o autor do Evangelho de Nicodemos tinha acesso a uma versão de Isaías que continha a citação “Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?” Esta passagem não se encontra no livro de Isaías da versão do Rei Tiago de nossas Bíblias, embora a passagem citada imediatamente antes desta em Nicodemos pode ser encontrada em Isaías 26:19. Então, parece possível que a exclamação de Paulo “Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?” não é uma composição original sua, mas antes uma citação a partir de uma passagem perdida de Isaías. Esta conclusão é fortalecida pelo fato de que a passagem tem uma citação tirada de Isaías 25:8, “Tragará a morte para sempre”.

    Aqui está a porção relevante de I Coríntios 15:54-56:
    “E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.(cf. Isaías 25:8). Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.”

    Colocada dentro de seu próprio contexto; então, parece que a citação de Paulo a partir de Isaías 25:8 (“Tragará a morte para sempre”) possa não terminar aí, mas possa continuar com a passagem perdida de Isaías que é preservada em I Coríntios 15:55 (“Ó morte, onde está o teu aguilhão? Ó inferno, onde está atua vitória?”). O comentário de Paulo sobre a passagem de Isaías citada pode começar somente depois no versículo 56 (“Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.”). Se este é o caso, e com certeza há questões que podem ser levantadas, pode-se marcar com precisão a localização da passagem perdida de Isaías como estando logo após as palavras de Isaías 25:8 “Ele tragará a morte na vitória” ou talvez no fim do próprio versículo, da forma que parecer mais apropriada dentro do contexto.

    Desconsiderando a exata localização da suspeita passagem perdida de Isaías, o Evangelho de Nicodemos provê alguma evidência de que tanto Paulo quanto os profetas do Livro de Mórmon estavam, de fato, referindo-se a uma antiga fonte comum em Isaías quando eles fizeram referências ao “aguilhão da morte.” Dado que o Livro de Mórmon cita copiosamente a partir de Isaías e coloca tão grande valor nos escritos de Isaías (ver 3 Néfi 23:1) que os Nefitas tinham em suas placas de latão (ver i Néfi 5:13), não é de se estranhar que três profetas do Livro de Mórmon façam alusão a esta mesma passagem perdida de Isaías.

Notas de 1.
[1]. Enciclopédia Católica, s.v. “Acta Pilati,” edição on-line, 2003.
[2]. Os Livros perdidos da Bíblia (New York: Bell, 1979), 9.
[3]. Evangelho de Nicodemos 13:4,5; 16:7; 13:11,7, respectivamente
[4]. Ibid., 16:9–12.


2. A citação na verdade vem de Oséias 13:14:

    Esta proposta sem dúvida parecerá estranha para a maioria dos leitores da versão do Rei Tiago da Bíblia para Oséias 13:14 onde se lê:

    “Eu os remirei do poder do Sheol, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó Sheol, a tua destruição? A compaixão está escondida de meus olhos.

    Entretanto, a antiga tradução Grega desta passagem conhecida como a Septuaginta apresenta os versículos como:

    “Eu os remirei do poder do Hades, e os resgatarei da morte: Onde está, ó morte, a tua punição? Onde está, ó Hades[Morte], o teu aguilhão? O conforto está escondido de meus olhos” (Oséias 13:14 LXX).

    A mesma linguagem aparece no Bíblia Siríaca conhecida como a Peshita que caracteriza a leitura de ‘uqseky’ como ‘teu aguilhão’ para a passagem bíblica; a definição para a expressão Siríaca aparece no Léxico Syruacum de Carl Brockelmann (Hale, 1928) 695 a.

    Refletindo estas tradições alternativas, a tradução de Oséias 13:14 apresentada na Nova Bíblia Padrão Americana (NASB) lê:

    “Remir-lhes-ei do poder do Sheol? Regatar-lhes-ei da morte. Onde estão, ó morte, os teus espinhos? Onde está, ó Sheol, o teu aguilhão? A compaixão está escondida de meus olhos.” (Oséias 13:14 NASB)


    A legitimidade desta interpretação é agora mais aparente através de uma comparação com antigas tábuas Ugaríticas (descobertas em 1928). No Ciclo de Baal (KYU 1.5 II 20-24), a deidade Cananita enfrenta um prospecto desagradável de ser tragado pelo seu inimigo Mot, i.e. “A Morte”, quem lho ameaça de usar seu demoníaco companheiro “Aguilhão” neste ato destrutivo:

Mot [Morte], o filho de El, rejubilou.
[Ele levantou] sua voz e clamou:
‘ Como pode [Baal] prover alívio agora?
[Como pode Haddu] prover agora refrigério?
[Minha mão abalará] a força de Haddu,
a palma de meu guerreiro [Rashpu]!
[Eu mesmo fiz com que fosse o] Aguilhão’ … quebrado;

    O erudito especialista em oriente médio Johannes C. de Moor explica em sua análise do texto, “o nome Ugarítico do Aguilhão (qzb) é apenas uma variante do Hebreu qtb… o significado literal de qtb pode bem ser ‘aguilhão’. Johannes C. De Moor, “O Death, Where is thy Sting,” Ascribe to the Lord: Biblical and other Studies in Memory of Peter C. Craigie, 104-105.

    Em realidade, o uso de imagens Cananitas no contexto profético não era incomum ao livro de Oséias. No que muitos eruditos interpretaram como uma polêmica direcionada contra a deidade Cananita a quem a Morte tragou, o Profeta Isaías testificou concernente ao triunfo último do Senhor Jeová quem “tragará a morte para sempre” (Isaías 25:8 ).

Conclusão:

   Portanto, o uso no Livro de Mórmon tanto do aguilhão da morte e o específico conceito de ‘tragar a morte” perfeitamente refletem tradições do Oriente Médio que precedem à absorção de Paulo destes conceitos em muitos séculos.

   Enquanto seja fato que os motivos que aparecem no Novo Testamento restringe com que estas imagens do Livro de Mórmon sejam usadas como evidências para uma antiga autenticidade do livro, críticos agora precisam estar cientes que o uso destas expressões no Livro de Mórmon não podem mais servir como um anacronismo histórico.


9 – Como se explica que o profeta Jacó do Livro de Mórmon termina seu relato com a palavra Francesa “Adieu”?
(contribuição de Evandro Faustino)

     Resposta 1:
    O termo Francês “adieu”, significando “adeus” (literalmente,” a Deus”), foi emprestado pela língua Inglesa, a língua em que Joseph Smith traduziu o Livro de Mórmon. Embora nós (na língua Inglesa) não a usamos mais em nossa língua, ela está, no entanto, incluída no dicionário Webster de 1828, que reflete o Inglês Americano nos dias de Joseph Smith.

     Existem muitas palavras Francesas e Alemãs no Inglês. Por exemplo, a versão do Rei Tiago da Bíblia (KJV) tem ambas as palavras; espectro,fantasma (GHOST) e espírito (SPÍRIT), a primeira é relativa ao Alemão geist, a segunda vem do Francês esprit.  Na KJV ambas querem dizer a mesma coisa, portanto, nós (na língua Inglesa) temos ambas Holy Ghost (e.g., Atos 10:29) e Holy Spirit (Lucas 11:13), do mesmo título Grego.

    (Nota do tradutor: Em Inglês usa-se a expressão Holy Ghost para se referir ao Espírito Santo, a qual ocorre 90 vezes na KJV. A expressão Holy Spirit também quer dizer Espírito Santo, que ocorre 7 vezes na KJV)

     Muitas outras palavras de origem Francesa aparecem na KJV, e.g. assay, “Tentar, testar” (Atos 9:.26 na KJV), do Francês essayer, “tentar”; ciel, “cobrir, colocar” (2 Cron 3:5), do Francês ciel, “céu”; referente ao teto

    (Nota do tradutor: ceiling é a palavra Inglesa para teto) (Veja I Reis 6:15); environ, “cercar, rodear” (Josué 7:9) do Francês environ, “em redor, vizinhança”; cf. Inglês Environment.

    (Nota do tradutor: environment é a palavra Inglesa para meio-ambiente).

    Resposta 2: Por Jeff Lindsay

     A objeção, se eu entendo é que a palavra de um língua moderna Européia ocorre em um livro clamando antiga origem Semítica (O Livro de Jacó foi escrito por volta de 500 AC). Se considerarmos a natureza da tradução, este assunto torna-se muito menos preocupante. 

    Se eu quisesse ser um gozador (uma tentação constante para mim), eu poderia dizer, “não somente o Livro de Mórmon traduzido tem uma palavra Francesa nele, mas milhares de palavras Inglesas também. – outra língua que não existia em 600 AC.”

    O Livro de Mórmon é a tradução de um antigo texto para uma língua moderna, e a palavra que melhor serviu para significar “adeus” Jacó usou – alguma expressão de partida deixada aos leitores de Deus – foi traduzida como “adieu” (“a Deus”), uma expressão que é usada e largamente entendida no mundo de fala Inglesa).

    Adieu é uma palavra emprestada, certamente, mas com a nuança que não é comparada com “farewell” ou “good-bye.” “Good-bye” costumava significar –” Deus esteja convosco” – mas agora carece o sentido de então.

    De fato, “adieu” tem se tornado parte da língua Inglesa e era listada em dicionários em 1800s e permanece listada na maioria dos dicionários modernos de língua Inglesa.  Por exemplo, ela ocorre no dicionário Webster de 1828, como você vê por si mesmo, graças a paginas de “Tecnologias Cristãs”, que oferece a busca desta palavra naquele dicionário.

     A objeção à palavra “adieu” é um dos ataques mais comuns no Livro de Mórmon, mas na realidade não é um problema. No entanto, inúmeros críticos que acreditam na Bíblia têm apontado para esta palavra e fazem gozação, mas o padrão que eles usam para rejeitar o Livro de Mórmon também rejeitaria a Bíblia (uma ironia verdadeira para muitas outras objeções comuns).

     A versão do Rei Tiago em Jeremias 10:22, por exemplo, usa a palavra Francesa, “bruit,” significando barulho ou ruído. “Bruit” não é familiar para a maioria dos que falam a Língua Inglesa, “adieu” ao contrário, é uma palavra comum e bem conhecida na língua Inglesa.

     Ixi!? Como poderia uma palavra Francesa estar na Bíblia? No tempo de Jeremias (por volta de 600 AC), o Francês nem ainda existia, então a Bíblia é falsa?  Au contraire, mes amis. Jeremias não escreveu uma palavra em Francês – ele escreveu alguma coisa em Hebreu que alguns tradutores pensaram que poderia muito bem ser traduzido por “bruit”, uma palavra que tinha também entrado e integrado na língua Inglesa (juntamente com “adieu” e muitas outras).

     Que tal a palavra Francesa na King James Bible tache (Ex 26:6, 11)! Que tal a palavra na King James Bible laver (Ex. 30:18, 28). Seria a Bíblia também falsa porque encontramos nela estas palavras Francesas?

     Muitos críticos da Igreja Mórmon continuam com o ataque à palavra “adieu”, para meu genuíno espanto. Já é hora de nós dizermos “Auf wiedersehen” a este argumento. Portanto, sem mais “adieu”, eu vos cumprimento “adios.”


10 – Porque evidências de cavalos não têm sido encontradas nas Américas dos tempos do Livro de Mórmon?? (contribuição de Evandro Faustino)

   
O Livro de Mórmon nunca afirmou que cavalos eram universalmente conhecidos ou usados no novo mundo. Por exemplo, as referências de cavalos no Livro de Mórmon sugerem que eles devem ter sido relativamente incomuns, sendo limitados somente a certas regiões durante períodos específicos da história do Livro de Mórmon. Uma espécie de cavalos, descoberta na Florida, foi datada com carbono em cerca de 100 A.C. Outros restos mortais de cavalos têm sido encontrados em contextos arqueológicos pré-colombianos na Mesoamérica (em Loltun e Mayapan), mas estes não foram ainda datados com o método carbono.

    Não deixe de ler tambem o artigo sobre Fauna na seção de artigos sobre o Livro de Mórmon!


11 – Como poderia Leí, um não-Levita, realizar sacrifícios? (contribuição de Evandro Faustino)

        Na Bíblia existem casos onde homens da linhagem não-levita ofereceram sacrifícios. Um exemplo que vem a mente é aquele de Gideão, um juiz de Israel, que a exemplo de Lei era um Josefita da tribo de Manassés. Ordenado por Deus a construir um altar, Gideão fez uma oferta de queima aceitável ao Senhor, e de maneira alguma foi condenado pelo Senhor por sua ação (Veja Juizes 6: 24-26). O Profeta Samuel era um Josefita da tribo de Efraim, contudo ele também ofereceu sacrifícios (1 Samuel 1:1; 9-10; 10:8; 13:15). O consenso geral entre os eruditos Bíblicos é que a idéia de que somente descendentes de Arão podia oferecer sacrifícios era um conceito posterior (pós-exílio) na antiga Israel. Isto posteriormente levou a certas anomalias tal como a designação de Samuel para a tribo de Levi pelos Crônicos em 1 Crônicas 6:33-38 a fim de justificar suas ofertas de sacrifícios. É interessante notar que o primeiro sacrifício oferecido pelos Israelitas depois que eles deixaram o Egito foi a realizado não por um Levita, mas por Jetro, o sogro de Moises, um não-Israelita (Êxodo 18:12).


12 – Desde que genealogias eram muito importantes na antiga Israel, como é que Leí não sabia a afiliação de sua tribo até ler os registros nas placas de latão de Labão. (1 Néfi 5:14)?  (contribuição de Evandro Faustino)

     Era os parentes, não a tribo, a unidade familiar mais importante na antiga Israel. Mais importante ainda, existe evidência da própria Bíblia que as pessoas não eram totalmente cientes de suas genealogias (Esdras 2:62; Neemias 7:64). Por exemplo, nós não sabemos da afiliação tribal de Elias, um dos profetas mais importantes da Bíblia. 

      Desde que os ancestrais de Lei teriam que vir ao Reino de Judá como imigrantes do Reino de Israel (afinal de contas, ele viveu em Jerusalém) eles talvez não quisessem ser imprudentes em suas origens e futuras gerações talvez tivessem que assumir que eram de Judá, Benjamin, Levi, ou Simeão.


13 – Como poderia alguém justificar a mudança de “branco e agradável” em 2 Néfi 30:6 para “puro e agradável” (contribuição de Evandro Faustino)

    “Branco” não precisa se referir à cor da pele, uma vez que o sentido é claro nas seguintes passagens do livro bíblico de Daniel: E alguns dos entendidos cairão, para serem provados, purificados, e embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado” (Daniel 11:35).” Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão “(Daniel 12:10). Nota do tradutor: (Na versão do KJV, a palavra embranquecidos é traduzida como “brancos em ambas escrituras citadas acima... and some of them of understanding shall fall, to try them, and to purge, and to make them white, even to the time of the end: because it is yet for a time appointed…Daniel 11:35) … Many shall be purified, and made white, and tried; but the wicked shall do wickedly: and none of the wicked shall understand; but the wise shall understand…Daniel 12:10

    Em ambas as passagens, o significado da palavra “brancos” ou “embranquecidos” é mais obviamente “puro”; “embranquecer” é purificar (Veja também Mórmon 9:6). Quando Joseph Smith primeiramente traduziu o Livro de Mórmon ele deu a interpretação literal de “branco” para a passagem em 2 Néfi 30:6. Na edição de 1840, ela a mudou para “puro”, percebendo que isto refletiria melhor o significado da palavra usada por Néfi.

    Que os termos “branco e puro” eram considerados sinônimos pelos rabis, temos o respaldo pelo texto Judeu cabalístico medieval, Zohar 211b, que fala da purificação das almas dos mortos sendo “imersas no ‘rio de fogo’” mencionado em Daniel 7:10. O texto diz que o “fogo por si mesmo tem o poder de consumir toda a poluição da alma; fazendo a emergir pura e branca...pois a alma terá que passar pelo fogo a fim de se tornar pura e branca.” (Maurice Simon, and Paul P. Levertoff, The Zohar (New York:, 1958), 4:218-20.)


14 – A menção de janelas que poderiam ser “despedaçadas” em Éter 2:23 parece anacronístico, desde que janelas de vidros não foram inventadas até o fim da Idade Média.  (contribuição de Evandro Faustino)

    O termo janela originalmente referia-se a uma abertura da qual o vento podia entrar. É encontrado 42 vezes na Bíblia, onde ela não se refere às janelas de vidro como as conhecemos hoje. Em uma passagem (2 Reis 13:17), lemos que uma janela no palácio foi aberta. Portanto, janelas às vezes têm portinholas ou venezianas. O mesmo é verdade para a janela que Noé construiu na arca (Gên. 6:16; 8:6).

    Parece provável que Éter 2:23 queria dizer que os barcos por si mesmos não se quebrariam se eles tivessem janelas ou aberturas. No verso seguinte, o Senhor explica que isto tinha que ser assim porque eles passariam por condições de turbulências extremas no mar, algumas vezes sendo enterrados por baixo das ondas. Janelas implicariam em enfraquecer a estrutura de madeira, ao criar aberturas, tornando-a mais frágil e portanto tornando a madeira sujeita a ser “despedaçada.” Se apenas lermos a sentença que contém a palavra “janela” e a lermos fora do contexto, então o antecedente de “(elas) ‘they’ do Inglês” seria, de fato, “janelas.” Mas é provável que o antecedente seria “barcos,” que é a última palavra na sentença precedente.

(Nota do tradutor: barco e janela têm gênero neutro em Inglês, portanto usa-se o pronome “they” para se referir a ambos. Em português, no entanto, existe gênero para objetos, sendo a palavra “barco” uma palavra masculina e “janela” uma palavra feminina. Assim usaríamos “eles” para barcos e “elas” para referir-se a janelas. Na tradução em Português foi usada a palavra “despedaçadas”, referindo-se portanto a janelas e não aos barcos. Isto é provavelmente um erro de interpretação do tradutor quando traduziu o Livro de Mórmon em Português: porque eis que não podeis ter janelas, porque seriam despedaçadas. A frase mais correta no Português então seria “porque eis que não podeis ter janelas, porque  seriam despedaçados (os barcos)”.)


Bibliografia Utilizada nesta janela:

 

"O GRANDE ENIGMA"; Erick Von Daniken;  Editora Record

"News from Antiquity "( publicado na Ensign Janeiro -1994 )

"Um livro que você pode respeitar "( A Liahona - Junho de 1984 )

Regras de Fé

Obras- padrão

History of the Church

A Igreja Restaurada

Encyclopedia of the Mormonism

"LEHI IN THE DESERT, THE LAND OF THE JAREDITES", Hugh Nibley, Deseret Books Co.

"AN APROACH TO THE BOOK OF MORMON", Hugh Nibley, Deseret Books Co.

Blake T. Ostler - Reviewing the Mormon Concept of God 

 

 por Élder Moreira: Missão Porto Alegre Sul (1990-1992)